segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Generosidade

Acredito que só podemos ajudar alguém a partir do momento em que estivermos tão bem e tão completos conosco mesmos, ao ponto de sermos capazes de dispor de nossas próprias forças e capacidades, a fim de proporcionar o bem a outras pessoas. Claro que isso não significa que precisamos ter uma saúde perfeita ou sermos ricos. Isso quer apenas dizer que nos sentimos completos com o que temos e desprendidos daquilo que nos sobra. Assim como um copo tem uma quantidade limite de água que pode armazenar, nossa vida também tem um limite de benesses de que realmente necessita.

Da mesma forma, somente conseguimos fazer alguém rir se estivermos de bem conosco mesmos. Se estivermos tristes, nossa tristeza vai atingir as pessoas que estão ao nosso redor. Se estivermos nos sentindo infelizes, a única coisa que conseguiremos construir naqueles próximos a nós é infelicidade. Portanto, a generosidade nada mais é do que um exercício onde trabalhamos nossa própria vida e personalidade.

Ser capaz de proporcionar alegria e conforto a pessoas que precisam (e qualquer um sempre precisa e quer isso), é uma demonstração de riqueza que está muito além da condição financeira. Augusto Cury escreveu em um de seus livros que existem pessoas que são tão pobres que a única coisa que tem é dinheiro. Então, também é verdade que existem pessoas tão ricas que a única coisa que lhes falta é o dinheiro. Em todos os outros aspectos de suas vidas são felizes e realizadas, e por causa disso são capazes de auxiliar outros indivíduos.

Tudo isso não quer dizer que para sermos generosos precisamos sempre fazer grandes ações. Não. Nem sempre temos condição para tal, e nem sempre isso é realmente necessário. Normalmente a melhor forma de auxilio é justamente um ato simples. Ser generoso também não significa remover obstáculos, mas sim ajudar as pessoas ou ensiná-las a superá-los. Se removermos os obstáculos para que uma pessoa necessitada não precise vencê-lo, estamos na verdade enfraquecendo suas potencialidades. Entretanto, se motivamos e auxiliamos a pessoa necessitada a entender e enfrentar o que a impede, então estamos fortalecendo as capacidades dela.

Só que nesse ponto as coisas já começam a ficar um pouco mais complexas, e ser generoso deixa de ser uma atitude de auto-estima, e passa a ser uma atitude de comprometimento. É claro que fazer algo realmente bom por alguém vai exigir mais de nós mesmos. Mas temos que ter consciência de que isso faz a diferença para nós também, pois como somos seres humanos que vivem em sociedade, se as pessoas ao nosso redor não estiverem bem, nós também não estaremos. Por exemplo, se para ter paz em casa, eu preciso me trancar em um terreno guardado por muralhas, alarmes e cercas, enquanto o meu bairro ou a minha cidade continuam violentos, então na verdade eu também não tenho paz. Não adianta tentar remover o obstáculo, acabamos apenas nos enfraquecendo, é preciso enfrentar e vencer, para desta maneira fortalecermo-nos.

No entanto, também existem aqueles que já realizam atitudes generosas, mas acham que não fazem o suficiente. Nesses casos também é preciso reconhecer que não se pode salvar o mundo sozinho, não precisamos fazer tudo e achar que nunca fazemos o suficiente, é preciso saber avaliar o que já fizemos e a necessidade de fazer ainda mais, pois temos que ter consciência de que também precisamos aproveitar a nossa própria vida, e não há nada de errado com isso também.


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