sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O verdadeiro sucesso

O sucesso não pode ser confundido ou almejado como um momento, mas sim como um processo, que envolve inclusive situações de dificuldade. Por exemplo, em uma corrida de cem metros rasos, o sucesso não é definido pelo momento em que o primeiro colocado cruza a linha de chegada, mas sim pelo composto que envolve os treinamentos exaustivos muito antes da corrida, a expectativa da largada momentos antes, as dores e cansaço durante, até o derradeiro final. É preciso estar preparado e disposto a vivenciar o todo para chegar ao sucesso, senão, a linha de chegada nada mais é do que um objetivo impossível de se alcançar.

Não basta apenas alcançar o objetivo, é preciso saber desfrutar da conquista. Nossa sociedade, principalmente nós brasileiros, vivemos a sina de sempre reclamar da situação em que vivemos. Reclamamos da política, da corrupção, da educação, da saúde, da segurança, e etc. É claro que às vezes com razão, mas também frequentemente, sem qualquer sentido. Esquecemos de olhar para o passado, para os objetivos que tínhamos a serem alcançados, e do qual atualmente desfrutamos. Olhando somente para o que ainda não foi alcançado, acabamos nos aprisionando em uma constante infelicidade.

O sucesso como um todo é formado por uma sucessão de pequenas vitorias, que ao final representam uma grande conquista. E dentre estas pequenas conquistas, as vezes podem acontecer algumas derrotas, e isso é frequentemente inevitável. O que determina uma pessoa de sucesso não é o fato de nunca vivenciar fracassos, mas a capacidade de superá-los. Vou além, acredito que as dificuldades e derrotas que acontecem no percurso, são importantes para moldar o caráter forte de um vencedor. É claro que falar sobre superar fracassos é uma atitude muito fácil, o difícil é de fato passa por eles. E justamente por isso que pessoas que enfrentam as piores adversidades são geralmente consideradas e admiradas como vencedoras. Uma pessoa que nunca sentiu o gosto de uma amarga derrota, talvez nem tenha a gana necessária para almejar uma grande conquista ou a capacidade de compreender uma grande vitoria.

Novamente, o que pode parecer uma derrota ou fracasso em determinado momento, nada mais é do que mais uma etapa do aprendizado daqueles que pretendem desfrutar de uma grande conquista. Manter-se no pódio da vida não é tarefa fácil, é uma empreitada que só pode ser realizada por pessoas determinadas e capazes de enfrentar os revezes que a vida inevitavelmente oferece.

Acredito ainda que o sucesso deva ser algo compartilhado, coletivo. De outra forma o pódio poderá se tornar um lugar solitário e triste. Isso pode acontecer com pessoas que almejam a realização pessoal acima de qualquer coisa, não se importando de “passar por cima de outras pessoas”, ou de agir contrariamente segundo alguns princípios éticos.

Enfim, alcançar o sucesso não é viver a ilusão de uma vida em acordo com o que gostaríamos, mas sim a realidade de que precisamos enfrentar as situações que são colocadas a nós, e a partir daí construir o futuro que desejamos. Admito que falar sempre é mais fácil do que agir, então te convido a agirmos e colocarmos em prática nossos ideais para a partir de então aprender com as experiência a fim de construir uma vida de sucesso.    

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Viajar é ir além dos limites

O que é viajar para mim? Deslocar-se até outra cidade, estado ou país, dependendo da distancia, tirar algumas fotos e visitar alguns pontos turísticos? Também. Entrementes, acredito que esta palavra, além disso, ainda pode incorporar significados filosóficos, necessários inclusive para auxiliar aquele que viaja a fim de aproveitar ainda mais essa experiência.

Existe uma definição que acredito expresse melhor o que seja fazer uma viagem, que é o de ver lugares e coisas diferentes. De outra feita, o que acontece seria exclusivamente deslocar-se.

Viajar é o ato de ver lugares diferentes, conhecer culturas que antes desconhecíamos, e que somente a proximidade física permite sentir. Muitas vezes vemos pessoas almejando sair do país para desbravarem novos horizontes, quando na verdade o espaço que ocupam diariamente ainda não foi propriamente explorado e visitado. Por exemplo, existe um lugar que é praticamente igual no mundo inteiro, mas que, aposto, poucas pessoas já o conhecem, mesmo aquelas que já rodaram o mundo. Refiro-me a esta imensa abóboda celeste chamada céu. Tão imensa e tão espetacular que não se permite aprisionar em uma câmera digital ou computador. O céu foi feito para ser admirado, mas raramente paramos para fazê-lo.

Céticos e críticos julgarão tal pensamento por demais romanesco, mas afirmo que uma pessoa que tenha passado por diversos países sem o mesmo olhar contemplador e encantado, terá absorvido muito menos das belezas de cada região do que outro que tenha viajado uma vez, mas que desfrute desta capacidade. A partir de então, acredito que, muitas vezes, não exista nada mais superficial e desnecessário do que tirar foto ou filmar alguma paisagem, principalmente envolvendo aspectos da natureza. Pois quando viajar simboliza o rompimento de fronteiras físicas, culturais e filosóficas, a única coisa que uma foto representa, é a tentativa de aprisionar algo que só pode ser apreciado se vivido em sua totalidade. Quando nos concentramos para capturar a imagem em uma foto, esquecemos de realmente apreciar a beleza que está diante de nossos olhos.

Podemos ainda viajar sem sai do lugar. Podemos conhecer lugares diferentes passando todos os dias pelo mesmo caminho. Podemos conhecer novas culturas simplesmente nos permitindo sorver aspectos relevantes sobre a vida das pessoas que nos cercam todos os dias. Podemos capturas fotos na câmera mais complexa que existe, chamada cérebro, onde não existem limites para a contemplação. E verdade seja dita, as fotos mais bonitas que as pessoas apreciam, são aquelas contadas por nossos lábios e coloridas por nossas emoções ao reproduzi-las.

Deveríamos ter como meta de vida viajar todos os meses, ou pelo uma vez ao ano, para lugares longes, onde somos forçados a tentar uma readaptação, onde não nos sentimos localizados, e de preferência onde a língua nos soe estranha, pois isso tem o poder de nos fazer despertar para a vida novamente. Uma das maiores frustrações de uma vida é viver o marasmo de uma existência cotidiana sem novidades, e pior do que isso é a anestesia de não perceber que tal rotina já se tornou aceitável na vida de uma pessoa.

Uma viagem nos faz também, e isso é intrigante, não somente ver as variedades naturais que o mundo oferece, mas também as similaridades que nem as distancias e o tempo podem negar, e isso envolve principalmente o ser humano. Um sorriso e uma lágrima são experiências passiveis de acontecer a um indivíduo ao seu lado, bem como a alguém sentado em um ônibus de volta para casa em alguma rua em uma cidade na Austrália.

Hoje te desafio a fazer uma das mais impressionantes e distantes viagens da sua vida, e você pode fazer isso da forma como eu sugerir, ou ainda de outra maneira que imaginar mais interessante. Uma delas é puxar uma cadeira para o jardim de sua casa, condomínio, ou parque da cidade; de preferência à noite, e admirar o infinito do universo que paira sobre nossas cabeças todos os dias, e a partir daí deixar sua mente criar idéias e vasculhar sua memória com lembranças já a muito esquecidas. A outra seria convidar uma pessoa que você gosta para fazer tudo, mas nada além de conversar, trocar idéias; permita-se ouvir o que essa pessoa tem a dizer, e permita-se através disso conhecer um mundo novo. E a última sugestão é separar uma quantidade em dinheiro a cada mês para fazer aquela viagem que sempre sonhou para onde quer que seja, mas nunca teve condições. Escolha uma dessas opções, ou todas, e garanto a você, sua vida será transformada de uma maneira impressionante, e passaras a ter uma concepção do mundo muito diferente e abrangente do que ele representa, bem como uma viagem deve ser: transformadora e revigorante.      

Tecnologia

Segundo a definição de alguns dicionários, a tecnologia é a aplicação dos conhecimentos científicos à produção em geral, e em outros denota um significado que engloba desde produções simples, como uma colher, até ferramentas e processos mais complexos, como a invenção do computador. Dentro destes conceitos se encontra o que nesta edição aparece em destaque e que também em nossa sociedade tem sido referencia em muitos setores, que é a informática e os meios sociais de comunicação, como por exemplo: facebook, twitter, youtube, MSN, jogos eletrônicos em geral, portais de informação, sites, e por vai.

Eu, particularmente, sou um grande apreciador destes avanços tecnológicos e, parando para pensar a respeito, percebo que sou na verdade muito dependente deles, pois utilizo a internet como ferramenta de trabalho de segunda a sexta, aos finais de semana e outros dias que tenho de folga a utilizo para estudar, me comunicar com amigos, e saber o que acontece no mundo. Dos meus vícios como internauta, cito o youtube, local onde passo freqüentemente horas absorto, assistindo vídeos de política, debates, bandas, documentário, entre outros, e fico informado a respeito de assuntos que antes dessa facilidade do mundo da informática, não seria possível. A meu ver, a internet - com as diversas ferramentas que lá encontramos - é uma forma de democracia social, pois podemos fazer o que quisermos enquanto estivermos inseridos nesse mundo.

Entretanto, falar sobre essa tecnologia pode ser algo um tanto quanto complexo, principalmente quando se tenta chegar a um denominador comum. Com relação a este tema, eu não tinha parado para pensar em aspectos prejudiciais que pudessem existir. De qualquer forma, iniciei uma pesquisa informal, e percebi que o assunto é tema de debate na mídia em geral: esteve presente em uma das matérias do CQC (que assisti pelo youtube); no livro do autor Augusto Cury, O Semeador de Idéias; além de ter debatido com alguns amigos a este respeito, onde pude, para minha surpresa, encontrar mais argumentos interessantes e críticos, mesmo de pessoas que a meu ver são “viciadas” em informática.

Destes aspectos negativos, começo citando minha própria afirmação, de que na internet vivemos uma democracia, pois isso não é a verdade completa. Em uma democracia existem a liberdade e os direitos, mas também existem os limites e os deveres, fato que muitas vezes não acontece na internet, uma vez que ainda não existe uma legislação que abranja esse “mundo” como um todo, na velocidade tão rápida com que ele se expande, e onde também as pessoas, muitas vezes, não têm nem identidade, possibilitando que muitos abusos aconteçam e fiquem impunes. Na mídia isso tem aparecido atualmente, onde, tanto no episodio do CQC, quanto no livro do Augusto Cury, um dos problemas citados é a alienação à qual as pessoas se condicionam, e a anulação à interação social com a verdadeira realidade, o que pode tornar algumas vezes as pessoas despreparadas para lidar com situações cotidianas, principalmente as que precisem de equilíbrio emocional para ser superadas. E por último, com relação ao debate com amigos, pude perceber a preocupação com os resultados de um mundo tão facilitado por esta tecnologia, onde as pessoas necessitam cada vez menos fazer uso de suas capacidades intelectuais, o que faz com que nos tornemos pessoas mais rápidas em nossas atividades diárias e com capacidade de realizar muito mais, mas que em contrapartida, gera um estresse ao qual não estávamos preparados para lidar.

Acredito que se nos aprofundássemos nos argumentos possíveis para o tema e os colocássemos em uma balança imaginária, chegaríamos à conclusão de que ela penderia muito mais para os aspectos positivos. Em minha opinião, todos estes avanços significam, resumidamente, a capacidade de o ser humano em ser surpreendente e incansável na superação de obstáculos e na busca por novos desafios. Com isso, tenho certeza que os aspectos positivos citados serão logo ainda mais desenvolvidos, e que os negativos serão rapidamente superados, à medida que outros desafios surgem no percurso, sendo que ao fim das contas, o grande desafio e os grandes avanços tecnológicos são na verdade uma busca pela superação dos próprios recordes humanos. Finalizo com uma pergunta que Nietzshe faz em seu livro, Assim falava Zaratustra: “Os mais preocupados perguntam hoje: Como o homem vai subsistir? Mas Zaratustra pergunta, e é o único a fazê-lo: Como o homem deverá ser superado?”.       

Sucesso

Eis uma palavra que soa bem aos ouvidos: sucesso. Mesmo avulsa e fora de qualquer contexto ela soa bem. Contudo, nem todos a empregam da maneira correta, e nem sempre que a ouvimos de alguém podemos confiar na veracidade completa do fato narrado. Sucesso é a realização de sonhos que dependem de nosso empenho ou/e de outros para acontecerem e que geram resultados positivos para nós, e de preferência para outras pessoas inclusive. Qualquer efeito que desvirtue dessa apreciação corre o riso de não ser considerado de fato um sucesso, e se analisarmos uma situação pelo ângulo errado também. Por exemplo, Ayrton Senna foi um fenômeno nacional e internacional reconhecido por suas conquistas nas pistas de corrida. Uma analise errônea diria que o seu reconhecimento e propagação midiática eram o seu sucesso. Quando na verdade o seu verdadeiro sucesso era o fato de ter conquistado muitos objetivos em seu campo de atuação profissional, e que estes objetivos ainda serviam de exemplo para outras pessoas buscarem o mesmo para suas próprias vidas. Então, resumidamente, sucesso é resultado positivo e não fama. Esta maravilhosa palavra é com freqüência utilizada equivocadamente por entidades militares e policiais quando falam em ações que foram completadas com “sucesso”. Esta é uma palavra que não admite máculas. E quando o resultado não é positivo para todos os envolvidos, ou quando interesses opostos atuam para sobrepujar o outro, o resultado final não pode ser rotulado como sucesso, mas sim como objetivo exclusivo de uma das partes alcançado.

Eis, portanto, dois pontos que as pessoas tendem a confundir com sucesso: fama e objetivo.

Se o que uma pessoa almeja na vida é o brilho dos flashes das câmeras, então o que busca não é necessariamente sucesso, mas sim fama. E não há nada de errado com isso, mas não se pode confundir o objetivo a ser alcançado. Existem diversas pessoas que não são conhecidas das grandes massas, e que no entanto, são artistas tão talentosos quanto aqueles que conhecemos por sua fama. Uma pessoa analfabeta que projeta e cultiva um belo jardim é tão bem sucedida em sua vida quanto alguém cultiva uma grande fortuna; ambos alcançaram um objetivo evidente e benévolo. Não é a medida do reconhecimento que importa, mas a medida do resultado alcançado através do trabalho que realizamos que define o sucesso.

 Outro ponto importante a se observar, é que quando almejamos algo para a nossa existência, inevitavelmente, pensamos em nosso bel-prazer, e não há qualquer coisa de errado com isso. O que há de errado é quando para conquistar o que queremos tomamos decisões e ações que prejudiquem outras pessoas; esse é geralmente o caminho mais rápido para os nossos sonhos, e justamente, muitas vezes a razão de muitas pessoas não alcançarem definitivamente um objetivo, de viverem ele por pouco tempo, ou despertarem a inveja de outras pessoas, tornando sua manutenção impossível. Muitas vezes para alcançar o sucesso ao qual me refiro, é preciso tomar um caminho mais longo, desviando de situações que por serem mais rápidas, deixam marcas de tristeza em pessoas que fazem parte da trajetória, enquanto que o caminho mais longo, no prepara para desfrutar o sucesso em sua plenitude, como de fato deve ser. Parece piegas falar dessa maneira, ainda mais quando colocado de uma maneira tão subjetiva, como se o escritor fosse dono de uma verdade intocável. Contudo, a experiência revela, que o que fazemos de uma forma ou de outra retorna a nós.

Por último, quero atentar para um pensamento que aprendi de um palestrante e treinador da equipe brasileira de para-atletas, Steve Dubner, de que não devemos comparar nossos passos com o de outras pessoas; ou, em outras palavras, comparar o sucesso dos outros com nosso próprio. Pois não temos que ser melhores do que os outros, mas sim melhores no que fazemos a cada dia. Quando nos comparamos aos outros somos cegados pela inveja, deixando de ver claramente nossas próprias qualidades, que são diferentes das dos outros, limitamos nosso potencial, e tendemos a buscar o caminho mais curto para alcançar o objetivo. Contudo, quando nos inspiramos em nossas próprias capacidades e forças, criamos novos recordes e vivemos uma experiência única, chamada sucesso.    



Saúde

Meu pai costuma dizer uma frase que tem um significado muito simples e uma profundidade relevante: “A única coisa que devemos desejar nessa vida é saúde, para todo o restante a gente dá um jeito de conseguir”. Quanto mais eu vivo e percebo as situações ao meu redor, tanto mais me convenço da veracidade dessa frase. A nossa condição física perfeita não é um requisito opcional em nossas vidas, nesse sentido as mais variadas situações possíveis são vistas ao nosso redor: às vezes pessoas que não se cuidam apresentam uma saúde impecável; em outras situações pessoas que primam por sua condição física apresentam problemas graves; já em outros momentos pessoas que não se preocupam com a saúde colhem os resultados negativos de comportamentos prejudiciais; e por último, pessoas que respeitam seu bem físico recebem em troca uma vida saudável. A verdade é que a vida não é uma fórmula de matemática onde duas vezes cinco obtemos dez. Existem aqueles momentos em que fazemos a multiplicação, mas o resultado acaba sendo subtraído de nossas expectativas.

Agora, aqueles que levam uma vida desregrada com relação a sua saúde física devem estar pensando que de fato não adianta nos preocuparmos com isso, pois não passa de uma matemática imperfeita, e que o importante mesmo é “aproveitar a vida”. Contudo, eu de minha parte acho que não podemos ser extremos nem por um lado nem por outro. Apesar de perceber que a realidade às vezes não é justa com algumas pessoas, também percebo que temos algum controle sobre o estilo de vida que desejamos ter. O fato é que muitas vezes deixamos para pensar a respeito disso apenas quando já nos encontramos em uma situação delicada, quando o médico diz que determinado problema e suas dores são frutos de uma alimentação inadequada, de uma vida desregrada e abusiva, ou de fatos emocionais que abalam nosso físico. E muitos casos ou são irreversíveis, ou deixam sequelas desagradáveis pelo resto da vida. Então nos damos conta de que no único momento em que tivemos a oportunidade de optar por uma vida fisicamente mais agradável, acabamos optando por não respeitar o templo de nossa existência.

Por algum motivo que acho difícil de explicar, eu sempre fui uma pessoa com uma saúde privilegiada, e se não bastasse isso, nunca tive qualquer tipo de acidente de percurso que me deixasse impossibilidade mais do que uma semana. Mas nem tudo é sempre perfeito. A única queixa que tenho é com o fato de desenvolver gripes com muita facilidade. Ao contrário da maioria das pessoas que gripam uma vez por ano ou nem isso, eu sempre contraio pelo menos de três a quatro gripes ao ano. E não são daquelas gripes suportáveis que apenas nos deixam com uma dorzinha de cabeça e o nariz incomodando aqui e ali. Não! Comigo a coisa é séria mesmo. Minhas gripes são de derrubar, me impossibilitam de fazer qualquer coisa ou sequer pensar, é uma das experiências mais desagraveis que vivencio de tempos em tempos. De qualquer forma, isso por outro lado me fez pensar no quanto valorizo meu bem estar a ponto de fazer o que estiver ao meu alcance para manter sempre essa disponibilidade, pensando não apenas no momento imediato, mas também no futuro que me aguarda para daqui alguns anos, quando então estarei com uma idade avançada, e meu corpo invariavelmente me apresentará a conta com os créditos e débitos da minha administração física.

Muitos contraporiam este argumento dizendo que no meu caso é muito cedo para pensar nesse tipo de coisa e que primeiro eu deveria aproveitar a vida. Mas é importante frisar que o momento certo para tomar esse tipo de decisão é quando ainda temos uma opção a fazer.  Além do mais, aproveitar a vida não pode ser sinônimo de auto-destruição. Por mais exagerado que possa parecer essa expressão, é o que muitas vezes se vê as pessoas fazendo com sua condição física, dedicando-se a atividade e hábitos que por certo trarão prejuízos exclusivamente para quem os pratica. Acredito que seja de extrema valia pensarmos a respeito dessa questão e nos dedicarmos a manter uma condição de vida saudável, seja através dos esportes, dos hábitos alimentares mais saudáveis, da rotina de vida mais tranquila, etc. E  com relação ao que não estiver ao nosso alcance, compartilhar do pensamento que citei no primeiro parágrafo: torcer para termos saúde, porque tendo isso, todo o resto podemos tentar conquistar por nós mesmos.



   

Responsabilidade

Uma grande e forte árvore, antes de se tornar majestosa e imponente, precisa ser apenas uma semente.
Uma bela e aconchegante casa, antes de ser um lar, precisa em algum momento, ser apenas um pequeno tijolo sobre a terra inóspita.
A composição de um artista, antes de impactar as emoções de uma platéia, precisa primeiramente ser indistinguível através de uma singela nota.

O que é mais forte, a pequena semente que contem a vida, ou a árvore que se fixa ao chão em tempos de tempestade?
O que é mais importante, a casa que acalenta uma família, ou o primeiro tijolo que dá inicio e sustento ao resto da obra?
O que é mais impactante, a composição do artista que embala a platéia, ou a primeira nota, que embala a criatividade do artista?

O mais forte, importante, e impactante, é o gesto do ser humano por trás de cada evento. É ele que tem o poder e a fraqueza, a inteligência e a ignorância, a criatividade e a pobreza.

Nossos gestos, por mais insignificantes que possam parecer, são importantes de maneira que às vezes não podemos prever, e quem não se responsabiliza pelo que faz, e não busca o melhor, não é digno de fazer parte nem dos artistas e nem da platéia deste mundo.

A verdade é relativa

Devemos buscar a verdade com olhos e ouvidos atentos, não nos deixando confundir pela certeza que confunde a verdade; certeza essa que no impede de progredir em nossa busca.
A verdade é relativa aos olhos de quem a busca, e a razão trás as respostas de acordo com o próprio objetivo.

Quem constrói uma casa não raciocina pensando em um automóvel; quem busca uma verdade se abstém de opiniões contrarias ao seu propósito. A verdade não é a casa e não é o carro, é como a viagem no tempo, que uma resposta definitiva ainda não alcançou. Quem afirma saber como viajar no tempo, de fato mente, enquanto isso ainda não é possível. Quem afirma conhecer a verdade, de fato mente, enquanto isso ainda é relativo.

Quem reconhece as suas incertezas, esse é sábio. Não por saber as respostas, mas por saber que não possui todo o entendimento. Aquele que tenta impor suas certezas é insensato. Não por confiar naquilo que acredita, mas por não respeitar a opinião alheia.

Another day in paradise

Germany, Munich. June, 30, 2010. 08:57 PM. Wednesday.

That kind of show is really perfect, nobody should deny it. Chopin was without a doubt a great genius, even today, a hundred and sixty years after his death, there’s nobody similar to him. This idea alone is amazing by itself, but going to a presentation in a crowded theater, having the opportunity to sit on the best seat is even better. Considering that this is the first time that Philip went to a live concert that remembered all the best songs from Chopin after sixty eight years of life is something indescribable. Maybe this is the reason why he is walking on the street so slow, staring at the sky, trying to remember everything that happened this night, every note, and every song. This is something easy for him that knows the complete list of songs from his six cds and over eighty genial songs.

Dr. Philip Halo is not a simple man; he is an erudite who lives alone in a beautiful house in Munich, Germany. After the death of his parents when he was already thirty two, first his mother in an expedition in Africa at the age of fifty six, and after his father by the age of seventy at home, both from a heart attack, he decided that he could really live alone. Not because he was a misanthropic man, but simply because he couldn’t understand the women’s minds and their necessity to be always carried about their image, even those he met in the Philosophy course at Harvard. They are all the same, he used to think.

And about his friends? No way. They are all married, planning their trips at the end of the year to some part of Europe, probably Paris in France, the most ridiculous place to go, but because everybody talks about there they follow the flow of the waters, the run of the mob. However, Phil is different, and he knows that, not because he is better, but simply because he is better this way. And after all, he is now really happy, because he accomplished one more priceless dream that few people can comprehend. And he now has himself and his memories to share this moment alone. Maybe not so alone as he thinks.

-          Hey Sir! Can you help-me a moment? Can I ask you a question?

He doesn’t ask too much from life, and privacy to enjoy a great moment is one of those things. Something which that stupid girl across the street seems compelled not to allow. So he pretends not to listen to her voice. Notwithstanding, she is persistent and by the corner of his look he can observe she is coming to his direction. No way to escape. He will use one rational option for a smart guy like him, go right to the point, avoid any emotion to guide his options and most important, don’t stop walking.
  
-          Hey Sir! I’m sorry for bothering you. I just want to ask you a question!

-          I have no money girl. And I have no time. Get away.

-          I don’t want money and I will not abuse from your time. I just need to know if there’s a place where I can sleep tonight. I have no money and I need a place to stay.

-          I can’t help. Get away.

-          No. You can. I can see you are smart and have money. So please, help me. I can give you something in return!?

Now Philip got offended. His intellectuality is adverting him the fact that he is probably dealing with a depraved woman and that she is possibly like a lot of the women that prefer to use their beauty and their body to win what they want instead of their intelligence. He will teach her some principles. He stops walking.

-          Hey girl! Listen! I don’t want to have sex with you. First because I’m not your type. I’m sixty eight and you are probably twenty something, not more than twenty five. However, this is not the main problem, I’m a Christian guy and I don’t want a depraved woman living around the quarter where I live. Please, go away and let me go my way. And if you don’t do that, I will call the police. Probably you know about the rules in this country, they are very different from America, where everything is permitted.

-          Thank you very much for your sermon “Mr. I’m pure and arrogant”. I don’t want to have sex with you. I’m sorry if you have a polluted mind. I just said that I could pay for your help with a good story. Like Scheherazade. I could tell you how the chess was invented for example. But thank you very much for your help. By the way, my name is Opal Novia and not “girl”. Have a good night.

-          What?! You want to pay me with a story? Are you crazy? What kind of girl who lives on the street for who knows what reason tells stories about mysteries of the invention of chess?

-          Well, I am. And that is not all. If you have a piano in your house I could also play piano for you. Do you like Chopin?

-          Now you are crazy. And it seems that you are following me because I am coming from the theater where I was appreciating a Chopin’s concert.

-          No. I was not following you. I really play Chopin. In fact this is my favorite musician.

-          You don’t look the kind of girl who appreciates stories and plays piano because you are so …

-          Don’t let your eyes dupe you. There is more between the sky and earth that is beyond our philosophy unknown. There is more hidden in the complexity of the simplicity than you could imagine our see above the top of your arrogant intellectuality.

-          Ha-ha. Interesting phrases. Where did you copy them from?  

-          I don’t remember. Some I read somewhere. Some I just invented.

Now Philip was catch by his own arrogance. He let the girl invade his heart. He doesn’t know exactly what he is doing but he feels that the girl in front of his eyes doesn’t represent a risk.

-          Ok. I will help you but just this night. Tomorrow I don’t want to see you anymore. And I want you to find a job and do legal things to live your life. That is my proposal. Do you accept it?

-          Well … Let me think … Hum … Yes!!!! I accept it. Even if you haven’t told me to find a legal job that is exactly what I’m trying to do all this time. My only problem is finding a place to live tonight.

The only thing Philip can’t understand is where she comes from. And he really doesn’t want to know because this is only her problem. All he wants is to see if she really knows what she said she knows.

- So, let’s move. We’re close to my house. Just two blocks away. In five minutes alone I usually can get there.

They spent all the way to Philip’s house talking about what each other liked in life. When they got there Philip prepared a good meal with a good wine to help her feel comfortable to all the challenges she would have to face that night. After dinner they continued their conversation.

-          So … This is your home?! Nice.

-          Yes. This is a beautiful house. And here we are to see if you really know that entire thing you said you know. I am really curious and now that you ate and drank I want to see over where you will start, by the story, by the song. In fact, I’ve played chess for almost all my life and I can’t even remember when I started playing and I’ve never heard anything about how it started.

-          Then let’s start by the story … It all happened …

After ten minutes of a very detailed story Philip was enchanted by the curiosity of what she was saying and he almost couldn’t believe that she really knew that interesting narrative.

-          Incredible! This is a very good tale. However, you forgot to tell me when it happened.

-          Well … Unfortunately Malba Tahan doesn’t tell this in his book. But probably it happened a long time ago.

-          In fact in doesn’t matter. The narrative by itself is sufficient. But who is Malba Tahan? An Indian our a Chinese person?

-          No. In fact he is a Brazilian writer; his real name is Julio Cesar de Melo e Souza.

-          You are undoubtedly a strange person who lives on the street, knows interesting stories about people in India but whose the writer is Brazilian and also says that knows how to play Chopin in the piano. The last in fact I still have doubts that you can really do. And talking about that, there is the piano. It’s all yours. Let’s see if you are so genial with an actually difficult challenge. Because that beautiful story you told, anybody could tell, but play piano is just for illuminated minds.

-          I know not just to play piano but I also play Funeral March from Chopin and I will prove you that right now … Excuse me.

-          My guest.

Opal then went towards the piano in front of them, walking with her dirty clothes she is a paradox in the world of Philip. Nevertheless, she is calm, doesn’t seem to care about that kind of details like she was not part of this world. Philip was enchanted for that moment on. He couldn’t believe that this kind of thing was happening. He was not acting at his normal way. Notwithstanding, he could feel that he could trust the girl. After all, a robber or a prostitute wouldn’t be interested in stories and piano. In fact, that girl resembled somebody he met in his youth. Somebody he couldn’t remember the name. The only thing he could remember was that the girl was similar to Opal and that he once loved that girl. Unfortunately she had to move to United States to study piano with a German teacher that was living there and Philip nevermore saw her. When Opal sat to play the piano she positioned her body like a professional pianist; her fingers touched the keys softly and suddenly unbelievable sounds emerge from the piano. Better than the sounds he listened that night in the theater, Philip Halo was like he was in paradise, he felt his body as he was floating in space and the image of that girl in the piano was something he would never forget …

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Germany, Berlin. July, 1st, 2010. 07:14 AM. Thursday.

Two friends are sitting together in a snack bar talking during the first hours of the morning before going to their jobs, their names are Christin Version and Nola Arsondown. They are talking about the news they are reading. These two women are friends since they were kids and they know each other’s lives. Some of the information on the newspaper are good while others are bad and it depends on the person or group that is reading. While for some people what they would find could pass unnoticed, for them this is a moment for reflection and for remembering the past.

-          Hey Christin! Did you see who died yesterday?

-          No Nola. Who was that?

-          Do you remember that guy that we met a long time ago in high school? His name was Philip Halo.

-          Yes. Of course I remember him. I was in love with him. However, I had to move to New Orleans in USA and never met him again. How did it happen?

-          Here they say he had a heart attack that was fatal during a piano concert presentation in Munich.

-          Oh my God. That is so sad. He always loved classical music. And he always encouraged me to learn and go ahead with piano classes. I always knew he loved me but I had to choose between my talent or a love that I never knew whether was true our just a dream. And there in EUA I married and stayed there for almost ten years. I never met Philip anymore …  

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Philip Halo died at the age of sixty eight. He went to the theater at 08:30 PM on June 30. Even though he always loved classical music he had never been to a live concert. That should be the first time in his life that he would enjoy a live concert, and that night would be more special because they would play the songs from his preferred musician, which is Frédéric Chopin.

Unfortunately the destiny didn’t have the same plan for his life. Two years ago Philip had a heart attack but survived. However, the last night it was fatal. He almost didn’t feel anything, it was sudden, like a bless. He hasn’t seen anything from the presentation because to reach his seat he had to climb some stairs that were in a special place he chose specially for that night. Those entire things combined with the emotion of the night were enough to bring his final breath. He had just sat when they announced the beginning of the show when unexpected his heart failed at 08:57 PM.

Nevertheless this was not a sad end. He had one of the best nights in all his life. He didn’t feel any pain from death. All he had was a happy illusion inward his mind, bringing him good moments that maybe he had never had in all his history. He had in fact everything he always loved in that single moment. In his mind he could feel the impact of a concert he hasn’t seen in fact. He had a good company, something he always avoided, because he only believed in love once in life, and he once and for all loved Christin, even he couldn’t remember her name anymore after such a long time. Christin in his dream called Opal, and told him great stories about curious things he always enjoyed. And to finalize his passage by this world she sent him to haven playing a beautiful Funeral March from Chopin. 

O jardim da educação e os frutos da leitura

Anselmo admirava-se do jardim que sua mãe cuidadosamente mantinha no pátio da singela casa em que viviam, que por sua beleza, também chamava a atenção das pessoas que passavam por ele. Entrementes, o que chamava a atenção de Anselmo era a incrível mágica que sua mãe era capaz de realizar: de pequenas sementes que ela comprava na floricultura, nasciam flores e árvores que ele não sabia porque ou como surgiam, e por mais que ele perguntasse, e que sua mãe explicasse, ele não conseguia entender como isso acontecia. Então decidiu ver com os próprios olhos; decidiu que iria plantar uma daquelas sementes, e que iria esperar ate que florescesse. Na verdade, o processo de plantar a semente na terra foi muito mais fácil do que jamais imaginou, e por isso imaginou que certamente a resposta que tanto almejava viria em seguida com a mesma facilidade. Então sentou ao lado da terra remexida com a semente escondida. Após três horas, Anselmo percebeu que o crescimento leva muito mais tempo do que o processo de plantio.

Assim como na natureza, a educação também não colhe os seus frutos nos primeiros anos de ensino, mas ao longo de uma jornada que pode levar uma vida inteira. Anselmo devaneia nestes pensamentos enquanto pensa em todos os seus anos como professor. No principio, professor de matemática em escolas do ensino médio, onde trabalhava para alimentar o sonho de dar aulas, além de trabalhar para alimentar a própria existência, que lhe sufocava com contas e prestações: da casa, do carro e da faculdade. Entretanto, atualmente, como professor convidado por universidades renomadas ao redor do mundo, leciona como professor de filosofia e ciências humanas, colhendo os frutos do trabalho que plantou ao longo da vida.

Para ele é interessante como a vida proporciona ensinamentos; assim como aquele de quando era criança lhe mostrou que as plantas precisam de tempo para florescer, da mesma forma seus alunos precisam de tempo para amadurecer. A educação é um processo que leva tempo para mostrar seu desenvolvimento e produzir seus frutos, e que às vezes, assim como as plantas, pode tornar-se infrutífera, uma planta indesejável, ou ainda, estéril para produzir novas belezas.

Não é a toa que estes pensamentos lhe permeiam a mente neste momento. Anselmo tem em suas mãos a prova de que uma das sementes que plantou durante sua vida acadêmica realmente floresceu; não uma planta vegetal, mas uma vida humana. Segura orgulhosamente o livro que acaba de ser premiado pela academia internacional de escritores como um marco revolucionário para uma geração de pensadores; livro este que trata da importância da educação e da leitura, e que foi escrito por um de seus mais revolucionários estudantes, que com certeza lhe presenteou com diversos cabelos brancos, em virtude das diversas vezes em que desafiou os conhecimentos deste singelo professor, mas que ao mesmo tempo, lhe ajudou a construir uma confiança ainda maior no seu próprio trabalho, e em sua crença de que a educação é a melhor maneira de construir seres conscientes de suas responsabilidades pelo mundo que ajudam a construir, que consequentemente será o futuro das gerações vindouras.

Anselmo não consegue conter algumas lagrimas enquanto lê passagens do livro deste querido aluno: “Como já dizia meu estimado professor de filosofia: 'Quem incentiva a educação semeia grandes personalidades; quem incentiva a leitura semeia grandes escritores'. Por causa de seu incentivo, hoje compartilho algumas idéias que considero fundamentais para o desenvolvimento das pessoas. A terra que não recebe o devido cuidado, não produz o respectivo fruto. Uma idéia para criar vida, precisa primeiramente de algumas sementes de incertezas, adubo de incentivos e gotas de determinação. Aquele que gosta de ler e aprender, gosta de amadurecer; onde ler é um vicio que liberta a alma daqueles que se permitem envolver por este encanto. Quem lê amplia o conhecimento, expande a criatividade, aprisiona a alienação; quem lê cria um mundo de fantasia que se transforma a cada livro em uma enriquecida e renovada realidade. Por isso acredito que a educação e a leitura são a fonte para o desenvolvimento de uma sociedade responsável e feliz...” 

Anselmo não se arrepende de ter investido seu tempo e esforço a fim de que sua semente florescesse.

Generosidade

Acredito que só podemos ajudar alguém a partir do momento em que estivermos tão bem e tão completos conosco mesmos, ao ponto de sermos capazes de dispor de nossas próprias forças e capacidades, a fim de proporcionar o bem a outras pessoas. Claro que isso não significa que precisamos ter uma saúde perfeita ou sermos ricos. Isso quer apenas dizer que nos sentimos completos com o que temos e desprendidos daquilo que nos sobra. Assim como um copo tem uma quantidade limite de água que pode armazenar, nossa vida também tem um limite de benesses de que realmente necessita.

Da mesma forma, somente conseguimos fazer alguém rir se estivermos de bem conosco mesmos. Se estivermos tristes, nossa tristeza vai atingir as pessoas que estão ao nosso redor. Se estivermos nos sentindo infelizes, a única coisa que conseguiremos construir naqueles próximos a nós é infelicidade. Portanto, a generosidade nada mais é do que um exercício onde trabalhamos nossa própria vida e personalidade.

Ser capaz de proporcionar alegria e conforto a pessoas que precisam (e qualquer um sempre precisa e quer isso), é uma demonstração de riqueza que está muito além da condição financeira. Augusto Cury escreveu em um de seus livros que existem pessoas que são tão pobres que a única coisa que tem é dinheiro. Então, também é verdade que existem pessoas tão ricas que a única coisa que lhes falta é o dinheiro. Em todos os outros aspectos de suas vidas são felizes e realizadas, e por causa disso são capazes de auxiliar outros indivíduos.

Tudo isso não quer dizer que para sermos generosos precisamos sempre fazer grandes ações. Não. Nem sempre temos condição para tal, e nem sempre isso é realmente necessário. Normalmente a melhor forma de auxilio é justamente um ato simples. Ser generoso também não significa remover obstáculos, mas sim ajudar as pessoas ou ensiná-las a superá-los. Se removermos os obstáculos para que uma pessoa necessitada não precise vencê-lo, estamos na verdade enfraquecendo suas potencialidades. Entretanto, se motivamos e auxiliamos a pessoa necessitada a entender e enfrentar o que a impede, então estamos fortalecendo as capacidades dela.

Só que nesse ponto as coisas já começam a ficar um pouco mais complexas, e ser generoso deixa de ser uma atitude de auto-estima, e passa a ser uma atitude de comprometimento. É claro que fazer algo realmente bom por alguém vai exigir mais de nós mesmos. Mas temos que ter consciência de que isso faz a diferença para nós também, pois como somos seres humanos que vivem em sociedade, se as pessoas ao nosso redor não estiverem bem, nós também não estaremos. Por exemplo, se para ter paz em casa, eu preciso me trancar em um terreno guardado por muralhas, alarmes e cercas, enquanto o meu bairro ou a minha cidade continuam violentos, então na verdade eu também não tenho paz. Não adianta tentar remover o obstáculo, acabamos apenas nos enfraquecendo, é preciso enfrentar e vencer, para desta maneira fortalecermo-nos.

No entanto, também existem aqueles que já realizam atitudes generosas, mas acham que não fazem o suficiente. Nesses casos também é preciso reconhecer que não se pode salvar o mundo sozinho, não precisamos fazer tudo e achar que nunca fazemos o suficiente, é preciso saber avaliar o que já fizemos e a necessidade de fazer ainda mais, pois temos que ter consciência de que também precisamos aproveitar a nossa própria vida, e não há nada de errado com isso também.


sábado, 26 de novembro de 2011

Orgulho de ser Universal

Porque eu teria orgulho de ser gaucho? Porque eu teria orgulho de ser brasileiro? Ou de ser Sul Americano, quando eu sei que pertenço ao universo; e o universo me pertence? Respeito a minha história, e isso é fundamental; mas não me limito ao que para mim representam, sei que posso ir muito alem. Não me sinto parte de algo, porque isso me exclui do todo. Me sinto parte do todo, mesmo com nossas diferenças, porque sei que o todo é uma possibilidade infinita da qual faço parte, mesmo que dele não me permitam desfrutar. Talvez não possa entrar em outros países por questões legais, mas sei que se não houvessem seres humanos limitados assim como eu, também não haveriam limites que me impedissem de cruzar o mundo livremente. É pena que usemos nossa capacidade de desbravar os limites para criar fronteiras. Nos sentimos donos de uma terra que não nos pertence com exclusividade, mas com reciprocidade. Nos sentimos donos de uma cultura que não criamos, mas que herdamos. Se não nos limitássemos, seriamos ilimitados. Não sou branco nem preto, nem amarelo nem vermelho, sou multicolor e incolor. Tenho orgulho de ser universal.

O universo da existência

A noite é um espetáculo que se revela em silencio, gritando para atrair os olhares de uma platéia distraída demais com coisas urgentes que não durarão a eternidade desta obra de arte. É durante a noite que temos a visão mais realista e estarrecedora do universo que nos abriga: uma realidade escura, desafiadora, e intrigante. Arrisco dizer que há poucas coisas em nossa existência que valham mais do que o prazer de admirar as estrelas “estáticas” no céu: acho que não há nada mais estarrecedor; mais simples. Uma obra prima tão complexa, que só cabe mesmo no universo.

Mas mesmo andando no escuro da noite, ou no indistinguível mistério da existência, se caminhamos com passos firmes adiante, ao invés de estagnarmos, então podemos viver com a certeza de em determinado momento depararmos nossos olhos com uma visão que valha a pena continuar, mesmo na incerteza. É neste momento que diante de nossos olhos se destila em beleza a imagem da lua. Na imensidão desta cortina de vazio reside a certeza da existência de algo concreto. No entanto, só verá aquele que acreditar e buscar.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ler

Quem lê cria um mundo de fantasia que se transforma a cada livro em uma renovada e enriquecida realidade ...

Prefácio

Anselmo não é apenas um transeunte social. Mais do que isso, é um andarilho dos pensamentos. Divaga horas por dia simplesmente buscando respostas para questões que lhe aparecem. Acredita que a vida não se justifica pelo possuir ou aparentar, mas pelo ser e agir de cada indivíduo. Entrementes, não considera esta uma verdade absoluta, considera apenas como um ponto de vista, sujeito à maiêutica de Sócrates.

Por muito tempo inquietou-se com uma pergunta dirigida a si por uma professora do ensino fundamental. Na época, lembra claramente, estava na oitava série em uma escola pública de Porto Alegre. A pergunta era simples, mas a resposta complexa. Apesar de tê-la respondido então, sabia que não estava definida; era uma pergunta que exclusivamente o tempo lhe traria a completa compreensão.

- Anselmo, o que você pretende ser na vida?
- Eu quero ser Economista professora.
- Que convicção! Já sabe onde fará o curso?
- Sim. Quero estudar na UFRGS.
- Então, continue estudando bastante e conseguirá.

Foi simples assim a conversa: sem delongas; sem pormenores. Era uma pergunta que indiretamente afirmava uma verdade: até aquele momento, Anselmo não era ainda coisa alguma, e se não fizesse por merecer, nunca o seria. Em meio a tudo o que foi conversado entre aluno e professora durante aquele ano, até mesmo os conteúdos aprendidos, nada ficou tão registrado em sua recordação quanto este diálogo; permaneceu até hoje, dezesseis anos após, arraigado em seu pensamento. “O que você pretende ser na vida?” A pergunta não foi específica, podia se tratar da vida profissional, pessoal, espiritual, matrimonial, enfim, qualquer vida. Nesse caso, a sua resposta foi sobre profissão.

Aquela não foi a melhor réplica. Na vida não somos o que credenciais e diplomas representam. Na vida não somos o que outros dizem de nós. Não somos passíveis de ser resumidos em apenas um parágrafo; muito menos em uma frase de uma linha, como aquela de dezesseis anos atrás. Mesmo hoje, tendo alcançado tudo o que a norma social considera invejável: uma boa profissão, um ótimo salário, bons carros, viagens anuais e muito mais; Anselmo sabe que o que define quem nós realmente somos é muito simples, independente de qualquer status social ou idade. Ele recorda de tudo isso nesse momento, pois a professora que lhe desferiu aquela pergunta lançará em breve um livro didático intitulado: O futuro das escolas e das crianças brasileiras. Sendo que, para escrever o prefácio do livro, ela lembrou-se deste aluno, que sempre tirava boas notas e que é atualmente reconhecido e bem sucedido no meio social. Anselmo se sente lisonjeado com o convite, e responsável por levar uma mensagem que ele considera muito importante para a sua vida. Daquilo que escreveu para o prefácio, as últimas palavras são uma opinião sincera e significativa sobre a questão que lhe permeia há tanto tempo o pensamento, e que somente agora pode responder com propriedade e vívida experiência.

“... Não importa onde você está, mas sim aonde quer chegar. Não importa aonde quer chegar, mas o que fará para chegar. Não importa o que fará para chegar, mas o que se tornará quando chegar. Entretanto, na vida nunca se chega a um lugar definitivo, nunca se pára após ter conquistado um objetivo. Na vida, as pessoas sempre estão em algum lugar, sempre fazem alguma coisa e sempre são alguém. O momento certo para estar, fazer e ser, é agora, o presente. E o futuro será o reflexo de quem você é, e a verdade sobre quem, na verdade, sempre foi.”

Anselmo espera que a professora goste do prefácio que ele escreveu.