Enquanto vivo, só encontro forças para me perguntar o porquê
de aqui estarmos.
Não vivendo, mas sendo consumidos pelos dias.
Sugados pelas situações diárias, tão deprimentes,
compulsoriamente redundantes.
Os momentos de alegria duram apenas o tempo suficiente para
nos fazermos sofrer constantemente a expectativa de novamente tal alegria
alcançar.
Vivo a expectativa de na vida algo encontrar, quando na
verdade a única coisa disponível é a incerteza.
Devo resignar-me em minha existência, sem desejos ou antecipações,
pois a frustração é o salário do sonhador. Não porque o desejo não se realize,
mas porque após o deleite resta apenas a certeza de que o que é passado não
volta mais.
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